Deixar para recrutar apenas quando já é necessário contratar imediatamente segue sendo a prática mais comum em empresas brasileiras atuantes nas mais diversas áreas. Aparentemente, a compreensão predominante é de que não há sentido em conduzir processos de seleção se não há posições abertas no momento, certo? Errado.
Ultrapassado e repleto de riscos, o modelo costuma dar à captação de talentos contornos de emergência, gerando demandas por ações a serem conduzidas “para ontem”. E sabe aquela máxima popular de que a pressa a inimiga da perfeição? Pois bem, aqui ela cai como uma luva.
Na contracorrente e de olho na real necessidade de minimizar os problemas gerados por seleções conduzidas “a toque de caixa”, o conceito de recrutamento contínuo (também conhecido como recrutamento perene ou estratégico) vem ganhando força e promete ser o norte adotado nos próximos anos por recrutadores mais comprometidos com atualização e otimização de resultados.
A busca contínua por potenciais colaboradores permite que a empresa passe a contar com uma comunidade de candidatos qualificados e interessados, que reúnam habilidades e experiência para suprir as necessidades únicas de cada negócio. A ideia central é passar a pensar a seleção por um viés atrelado à continuidade.
Ou seja, é preciso estar sempre à procura de profissionais que possuam perfis adequados para exercer as diferentes funções necessárias ao bom funcionamento da empresa – das que existem hoje às que precisarão ser criadas para a implementação de novas áreas, por exemplo.
Ancorado neste cuidado, emerge um recrutador inovador e altamente estrategista, que conhece o negócio a fundo e busca antecipar as necessidades de recursos humanos em vez de apenas contorná-las quando se tornam urgentes. Planejamento, estratégia e antecipação se tornam palavras centrais, e assertividade na identificação de colaboradores é o principal ganho possibilitado pela abordagem.
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Dores recorrentes
Uma pesquisa conduzida pela consultoria CareerBuilder apontou que, mesmo nos Estados Unidos, apenas 38% dos empregadores já selecionam continuamente, levando em consideração as vagas que provavelmente abrirão ao longo do ano. Nas empresas que não adotam a seleção estratégica, ter vagas abertas geralmente é sinônimo de sufoco para o negócio, custando tempo e dinheiro, além de causar um impacto negativo entre os colaboradores antigos.
E, se muitos são os motivos que podem transformar a identificação de talentos em um verdadeiro incêndio a ser apagado, em quase todos os cenários repete-se o fato de que a necessidade de contratação é repassada à área de Recrutamento e Seleção como um elemento “surpresa”: algo que não era possível prever e, portanto, algo com que se torna bastante complicado lidar.
É inegável que vários fatores podem fazer com que uma empresa precise ampliar seu contingente de talentos rapidamente. Um novo projeto, a criação de uma área antes inexistente, a conquista de um grande cliente ou de uma conta relevante são exemplos de situações que fazem com que, da noite para o dia, a empresa passe a precisar de colaboradores dos quais não dispunha anteriormente.
Além disso, altos índices de turnover, falhas de comunicação entre as áreas que enfrentam a carência de profissionais e o departamento de Recrutamento e Seleção e altos índices de Time to Hire e Time to Fill são elementos que comprometem a antecipação na identificação de candidatos.
Perdas e danos
O fato é que, em meio às labaredas da urgência, as perdas são evidentes. Não raro, os recrutadores se veem obrigados a encurtar a seleção, enxugando etapas cruciais por não haver tempo para aplicar todos os processos. Gargalos de prazo para divulgar as vagas também elevam o risco de se captar poucos candidatos. E a missão se torna identificar o melhor perfil entre os poucos localizados, e não mais o melhor perfil para a posição.
A consequência no curto prazo é o alto risco de fazer uma contratação inadequada. No médio e longo prazos, más contratações fazem a empresa perder em performance, clientes e receita, prejudicam a percepção dos processos por parte dos colaboradores já atuantes e aumenta ainda mais o turnover. Embarca-se então em um ciclo vicioso: quanto mais perfis dissonantes são captados, mais vagas são abertas “inesperadamente” e mais emergências de contratação se apresentam.
Atenção perene
A adesão ao modelo de recrutamento perene permite com que boa parte dos problemas mencionados acima sejam amenizados. Ao contar com um banco de talentos pré-qualificado, as demandas encaminhadas a área de Recrutamento e Seleção ganham agilidade e consistência de resultados.
Porém, vale ressaltar que de nada adianta realizar seleções de forma constante se o RH não estiver orientado a pensar de maneira estratégica, considerando pontos como:
- Conhecimento profundo do modelo de negócio da empresa: quais são as metas, quais são as dificuldades operacionais e quais são os principais traços da cultura da empresa?
- Análise constante de dados e implementação de KPI’S como Time to Fill, Time to Hire, Ciclo de Recrutamento, Turnover, Índice de Satisfação e Absenteísmo, entre outros.
- Esforços em atração. Afinal, pouco adiantará criar processos seletivos otimizados se a empresa não consegue atrair talentos. Como anda o funil de processo seletivos do seu negócio?
Direcionando atenção a essas premissas fundamentais, embarcar na cultura de recrutamento contínuo se torna uma transformação possível e eficaz – evitando demandas estressantes e possibilitando a captação dos talentos que são adequados e necessários. Sua empresa agradece e seus colaboradores também.
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