Um dos documentários mais intimistas sobre Kurt Cobain, Montage of Heck, traz (poucos) depoimentos e muito material inédito sobre a vida do vocalista, guitarrista e compositor do Nirvana. São desenhos, diários, rascunhos, áudios e imagens que falam por si. O filme não parece ter a pretensão de julgar, elevar ou vitimizar o personagem principal. Por isso, é um documentário sincero e surpreendente.
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Mas esse texto não tem a ideia de fazer uma crítica. O filme está disponível por aí, nas telas ou em DVD. É recomendável para qualquer pessoa. Afinal, se você não é fã da banda ainda tem alguns motivos para ver a produção, porque é possível entender um pouco sobre o processo criativo de um cara que queria apenas fazer música.
Já falamos aqui como Kurt estava resistente em realizar o acústico Nirvana Unplugged in New York, gravado em 1994. E fez tudo em único take simplesmente porque entendia que era preciso ter comprometimento mesmo em uma tarefa que não estava muito a fim. Assim é o trabalho, assim é a vida. Em Montage of Heck são levantadas outras questões que podemos trazer para o nosso dia a dia:
ESCREVA SEMPRE E MUITO
O filme é costurado com imagens dos diários e caderninhos de Kurt. Ele escrevia sobre tudo, de questões existenciais até contas a pagar. As composições se misturam aos desabafos de um jovem confuso, aos desenhos agressivos ou fofinhos.
O mais importante é não ter medo de anotar pensamentos aleatórios ou ideias malucas. Nesse caos, é possível amadurecer projetos ou simplesmente praticar a escrita. Você tem folhas ou cadernos para rascunho em sua mesa de trabalho?
GUARDE SUAS REFERÊNCIAS
A família Cobain entregou a chave do depósito de coisas de Kurt ao diretor Brett Morgen, que mergulhou na vida do músico ao abrir as caixas. Encontrou inúmeras gravações com mais de 200 horas de conteúdo inédito, o que originou o nome do documentário.
Dentre os arquivos estavam gravações de Kurt com Courtney Love, demos e covers de faixas dos Beatles. Kurt gravava suas tentativas e erros e diálogos de desenhos animados. Isso tudo em uma época que não existia HDs e programas específicos para armazenamento de dados. Guardar ajuda a localizar referências e encontrar novos parâmetros.
CANALIZE SEUS PROBLEMAS
Kurt era depressivo. Tinha problemas de socialização. Odiava a escola. Mas na maior parte de sua trajetória usou isso a seu favor. As letras das músicas transmitiam sua essência, franqueza e problemas.
Foi rotulado como o ícone de uma geração, mas na verdade estava falando sobre sua vida. A identificação dos jovens sempre se deu principalmente pela transparência de seu trabalho. Portanto, para lidar com problemas, resistências e defeitos, é sempre melhor aceitá-los e transformá-los em algo positivo na sua vida.
BUSQUE APOIO
A infância de Kurt mostra uma criança feliz, generosa e hiperativa. Sua mãe dizia que o pai tinha vergonha de sua personalidade e censurava suas brincadeiras. No momento delicado de transição entre infância e adolescência, seus pais se divorciaram. Todas essas questões influenciaram diretamente na personalidade de Kurt, que se sentia rejeitado em todos os ambientes. Quando foi morar com sua primeira namorada, teve espaço para fazer tudo que queria. A própria Tracy Marander explica no documentário que só queria deixá-lo livre para criar.
Em qualquer processo criativo, é mais produtivo estar por perto de pessoas que respaldem sua ideias. Obviamente é preciso ouvir críticas e saber lidar com elas (Kurt odiava a imprensa de modo geral). Qualquer trabalho, ainda que individual, só flui se as pessoas ao redor estão dispostas a ajudar.
Você aprende algo ao ler/ver biografias de talentos ou gênios?
Todas imagens são reprodução/divulgação do doc.
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