Neste momento, as mulheres são muito mal-representadas nos cargos de liderança, são apenas 37% dos cargos altos em empresas e passam por uma diferença de salário de 22,5% por conta do gênero.
A Pesquisa de Carreira e Salário de 2018 da Marketing Week revelou que mulheres na indústria de marketing e publicidade recebem menos do que homens em todos os setores e todos os cargos, exceto Assistente de Marketing.
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Fica claro que empresas ainda precisam trabalhar (muito) para incorporar a diversidade e inclusão no coração de seus negócios. Por isso, o Marketing Week se uniu com a WiQ, uma iniciativa de mulheres dirigida pela especialista em tecnologia da Media iQ, para explorar formas que ajudem mulheres a alcançar o sucesso.
No evento que aconteceu no dia 7 de março, chamado “Celebrando o Impacto das Mulheres”, a diretora global de comunicação da HSBC, Jenny Varley, a apresentadora Angie Greaves, a diretora de talentos da Media iQ, Clare Martin, treinadora de transição e mentora Mandy Plumb, e a gerente de parcerias da Econsultancy, Ruth Mortimer, lideraram uma discussão estimulante sobre equidade de gênero.
Aqui está o que as palestrantes – bem como profissionais de marketing de diversas áreas – acreditam que precisa ser feito para fechar a lacuna de gênero nos ambientes de trabalho.
Confiança
Tanwa Edu, diretora de Marketing na Culture Whisper, destaca confiança como um obstáculo central na disparidade de gênero no mercado de trabalho: “Mulheres não têm confiança para acreditar que merecem o salário que recebem, para acreditar que podem desejar promoções para os cargos [que desejam]”, ela apontou. “É sobre empoderar mulheres e dar a elas a confiança – quanto mais fizermos isso na indústria, melhor.”
É muito importante quebrar essas barreiras, afirmou Plumb, reforçando que o problema de confiança está impedindo as mulheres de alcançar seus objetivos. “Há uma mudança definitiva que precisa acontecer nos setores criativos, em se tratando do mulheres sentirem que têm apoio. É importante permitir que pessoas tenham seu próprio espaço para ser quem querem ser e se sintam confortáveis sobre como estão se desenvolvendo.”
Modelos positivos
Se construir confiança e autoestima é a chave para possibilitar a progressão de carreira de mulheres, programas de mentoria e mulheres como modelos positivos e cargos de liderança são um ótimo impulsionador.
Andria Vidler, CEO do Centaur Media, que publica o Marketing Week, admira grandes iniciativas dentro da indústria. “Ter profissionais mulheres sêniores como modelos têm ajudado mulheres crescerem na Centaur, onde não havia tantas profissionais deste nível”, ela afirmou. “Agora, quatro dos nossos seis membros do conselho e mais de 50% da nossa liderança são mulheres.”
Ter mentores pode ser essencial para mulheres que estão buscando encontrar seu espaço e seu futuro no mercado. Uma mentora pode ajudar a impulsionar sua confiança, abrir as portas para networking e dar insights estratégicos para quem recebe a mentoria.
“É muito importante ter uma base segura e confiável, e uma mentora realmente pode te ajudar a conquistar isso”, disse Plumb. “Ter uma rede de suporte pode ser essencial para desde progressão de carreira até conselhos para lidar com estresse em geral.”
Processo
Anna Hill, diretora de Marketing da Walt Disney Company no Reino Unido, Irlanda e países Nórdicos, aponta a importância de ter os processos certos que reconheçam, desenvolvam e recompensem o talento de mulheres.
“Em geral, a mídia e a indústria representam as mulheres bem, mas é claro que sempre há espaço para melhoria”, ela declarou. “Todas as empresas podem se beneficiar de mentoria e patrocínio de funcionárias com alto potencial, para ajudá-las a conquistar a experiência e visibilidade necessárias para obter cargos mais altos.”
O papel dos homens
Mas é claro, também, que homens possam ajudar a promover o sucesso de mulheres. “Quando tive uma filha, isso se tornou uma reação visceral e pessoal para mim”, afirmou o presidente da Media IQ, Richard Dunmall. “Eu só quero que ela tenha todas as chances de se tornar bem-sucedida, as mesmas chances que qualquer outra pessoa, e eu não sei se esse é o caso na nossa sociedade, no momento.”
Homens na indústria tem um papel importante em incorporar a paridade de gênero e, sem eles como parte da conversa, será difícil obter resultados. “Homens têm um papel importante na discussão porque, sem eles, você tem 50% da população contra você”, observou Ruth Mortimer, gerente de parcerias da Ecoconsultancy.
“Há, generalizando, três tipos deles: homens que são sexistas, homens que não ‘percebem’ [a desigualdade de gênero] e homens que realmente querem ajudar a causa das mulheres – e é esse último tipo de homens que todos deveriam ter em suas organizações.”
Cultura
Se as mulheres estão deixando empresas em números desproporcionais ou não há tantos talentos disponíveis, é um problema cultural que precisa de reparo. Jenny Varley, gerente global de comunicação da HSBC, argumenta que criar um ambiente onde mulheres podem prosperar no trabalho significa subverter a cultura de organizações para permitir mudanças tais como horários flexíveis.
“É importante ter a mente aberta para as pressões fora do trabalho e reconhecê-las”, diz Varley. “E, também, sobre as responsabilidades desproporcionais que mulheres têm em seus cotidiano e que as obrigam a ter ‘pausas’ em suas carreiras.”
Transformações significativas só acontecerão quando empresas aceitarem isso e estiverem dispostas a mudar seu funcionamento. Começar a mudança só depende de processos estratégicos que começam com informação.
“Você precisa segurar um espelho em frente à empresa e se perguntar: Onde estamos? Como estamos nos saindo, como uma organização? Que programas e iniciativas nós temos aplicado?”, afirma Varley. “A partir disso, você consegue insights valiosos sobre seu próximos passos.”
Tomando atitudes
Atualmente, há uma conscientização muito maior na área sobre a disparidade de gênero e os desafios enfrentados. É necessário eliminar “pontos cegos” em conselhos de empresas, bem como de desigualdades salariais. Empresas precisam redesenhar os ambientes profissionais para eliminar as dificuldades que mulheres têm de gerenciar a vida pessoal e profissional. Elas precisam focar no talento de mulheres.
Nós podemos não ter ainda uma igualdade de condições, mas temos bases fortes em que podemos construí-las. Homens e mulheres em toda a indústria estão se posicionando para pressionar a favor da igualdade de gênero, enquanto culturas empresariais estão começando a entender sua relevância (e, também, seus benefícios financeiros). Enquanto isso, indivíduos podem tomar seus próprios esforços pessoais.
“São suas habilidades que falam mais alto, não sua cor ou seu gênero”, diz Greaves. “Foi essa atitude que me deu forças para seguir em frente”.
“Essas questões são tão grandes e importantes, e olhamos para grandes empresas para buscar soluções”, comentou Helen tupper, diretora de marketing comercial da Microsoft. “Elas realmente precisam trabalhar nestes problemas, mas enquanto isso acontece, há responsabilidades que todos podemos tomar como indivíduos ou recrutadores; coisas como conseguir mentoras, eliminar linguagem tendenciosa quanto ao gênero de anúncios de empregos e nos tornando modelos positivos.”
Crie estratégias de comunicação que promovam a igualdade de gênero na publicidade!
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Compreenda os novos aspectos da comunicação sobre gênero e diversidade com atividades práticas e resolução de problemas, como melhorar a comunicação das marcas e torná-la genuína na abordagem desses assuntos.
Ana Paula Passarelli
Publicador originalmente [ Marketing Week ]. Traduzido e adaptado pela equipe do tutano.
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