Minha visão sobre relação da vida pessoal com o trabalho é de que não existe essa separação.
A definição de uma pessoa, quem ela é, não passa de uma bela e caótica somatória de todas as experiências que ela passou. A vida pessoal determina e interfere no seu trabalho e vice-versa. O importante é fazer coisas que você acredita e saber balancear suas escolhas e tarefas no cotidiano. Uma coisa é fato: é inspirador quando vemos pessoas que fazem dessa mistura projetos que transformam realidades.
E não precisa ter grandes proporções. Listo aqui alguns:
DO SEU PAI
Pedro Fonseca, você deve ser um pai foda. A forma como você escreve seus textos em forma de carta para seus filhos têm uma sensibilidade incrível. Me faz repensar diversas vezes a relação com o meu filho e me inspira. Obrigado.
De outro pai, Enzo.
HOPET
Um projeto multidisciplinar que une educação e ação e soma forças com protetores e ONGs para mudar a vida de muitos peludos.
Caio Lima, meu colega de classe dos tempos do colégio, se inspirou em sua mãe – que era voluntária desde jovem – e concebeu a Hopet num trabalho de conclusão de curso. As coisas foram ganhando proporção: até hoje, já doaram e financiaram mais de 20 toneladas de ração, entre muitas outras coisas. “Acredito que isso seja só o começo. Um dia, esse projeto vai ter um alto poder de ajuda para mudar a realidade de muito animais e conscientizar mais e mais pessoas.”
Eles estão com um projeto no Kickante para ajudar cerca de 100 peludos, algumas galinhas…e um porco enorme. E também têm uma lojinha para angariar fundos.
TE-ARTE
Conhecer a proposta da Te-Arte é um convite a repensar educação infantil. E repensar se a educação medieval que temos hoje é algo razoável.
A escola infantil (no bairro Butantã, SP) com um espaço para o livre desenvolvimento da criança, no meio de muita natureza, música, arte, cultura popular, não tem separação por faixa etária. E inspirou um belo documentário premiado na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo como melhor documentário brasileiro. Veja o trailer aqui.
A idealizadora é a carismática educadora Therezita Pagani, que nos revela o potencial estruturante da educação infantil verdadeira, firme e sensível. Seu “pequeno” projeto inspira pais e educadores.
TRECHO 2.8
Projeto de educação realizado com pessoas em situação de alta vulnerabilidade social, com foco em capacitá-las para o olhar e o criar da fotografia. Todas as obras do resultado do projeto, que é contínuo, são vendidas para o público e revertendo para os artistas e a sustentação do Trecho 2.8.
O projeto é do Instituto Brasis, que foi criado por Marcos Amaro, um empreendedor e artista plástico que me inspira muito por sempre achar tempo entre gerenciar suas empresas e cuidar de seus vários projetos sociais e artísticos.
LETRAS GARRAFAIS
Um artista que espalha garrafas de vidro com mensagens inspiradoras, acompanhadas por flores pela São Paulo.
Projeto de Alessandro Novello, tio de um amigo meu. Aquele amigo lá, que tem o cachorro, amigo da cunhada da minha prima. Alessandro posta a imagem no instagram de cada garrafa e seu endereço para que as pessoas possam levá-las para decorar sua casa.
PETS DO BEM
Acabou a ração. Compra ração. Acabou. Compra.
A cada 10kg que você compra de ração, 1kg vai para ONGs e abrigos que cuidam de animais abandonados. Eles entregam a ração na sua casa e você escolhe de quanto em quanto tempo quer receber. Você não se preocupa mais em ficar saindo de casa de pijama e mundo fica mais legal. A empresa foi fundada por Pipo Calazans, ex-VP de criação de uma agência de publicidade.
SHOOT THE SHIT
Gostei de conhecer o trabalho deste pessoal, um estúdio de Comunicação para impacto social. [Indicação de Tiago Yonamine]
“Acreditamos no poder das microrrevoluções urbanas, por isso nossos projetos são pequenos, simples e replicáveis.”
Como antítese disso, sofro síndrome de não me mover a não ser para fazer coisas que demandam grandes esforços e tenham resultados gigantes. Ou seja, acabo não fazendo nada.
E pra quem sofre disso também, acho que é bem essa pegada que a gente precisa acreditar e começar: a fazer pequenas coisas aqui e ali que vão gradativamente transformando nossas vidas.