Conheci o Fred em 2010, em minha breve passagem pela Torke, agência de marketing de guerrilha em Lisboa, quando ele era redator. Pouco tempo depois, ele assumiu a direção criativa e conquistou o primeiro Leão em Cannes da agência. Ocupou o cargo de Diretor de Criação também na portuguesa Brandia Central e nas agências inglesas FCB Inferno, We are Social e JAM@ENGINE.
Agora, Frederico Roberto, criativo português, está na VML Londres, agência do grupo WPP, na qual ocupa o cargo de Associate Creative Director atendendo contas como Bentley, XBox, Premier League e Virgin.
1. Conte-nos um pouco sobre você.
Licenciei-me em Publicidade aos 22 anos e, desde os 15, sabia que queria ir para a área de Comunicação. Ter ideias e influenciar os outros com as mesmas sempre foi uma paixão. Comecei por trabalhar com publicidade tradicional, mas depois de quatro anos senti que o meu caminho tomaria um rumo mais interessante. E foi apenas quando fui para a Torke fazer marketing de guerrilha e ativação de marca que as coisas fizeram sentido. Mais tarde veio o online, as mídias sociais e tudo ficou maior. Os prêmios nacionais e internacionais fizeram-me ver que poderia ter sucesso no exterior. Desde 2013, estou em Londres tentando mudar o mundo.
2. Como é um dia normal na sua rotina?
Levanto e tomo café da manhã. Faço academia e depois vou para agência. Ao chegar, apresento para toda a agência o que chamo de Creative Breakfast, the most important meal of the day em que mostro trabalhos bons que estão sendo feitos no mundo. A partir daí, trabalho nos projetos até sair por volta das 19 ou 20 horas. Janto com a minha namorada, passeamos um pouco por Londres, que há sempre algo para fazer e vou dormir por volta da meia-noite – não sem antes jogar um videogame ou assim.
3. O que faz para relaxar?
Além de videogame, vou ao cinema, passeio e vou comer fora. Adoro comer como bom português.
4. O que tem lido?
Tenho lido artigos de opinião da nossa área, publicados em blogs e até no novo sistema de publishing do LinkedIn. Em termos de ficção, estou lendo Inferno, de Dan Brown.
5. O que você considera sua maior conquista?
Ter ajudado uma agência pequena como a Torke a conquistar o seu primeiro Leão em Cannes, quando era Diretor de Criação na agência.
6. O que você mais gosta em seu trabalho? E qual é a parte mais difícil?
O que mais gosto é que trabalho com pessoas e para pessoas. O mais difícil é que algumas pessoas são mais difíceis do que outras.
7. O que você faz para se inspirar?
Tento falar com todos os envolvidos no processo criativo. Mas principalmente escutar o cliente. Ir onde ele está, trabalhar com ele no seu ambiente de trabalho, tentar entender as suas motivações e necessidades. Por vezes, os clientes não sabem bem o que querem ou pensam que querem uma coisa e precisam de outra. É preciso ver e escutar.
8. Se não trabalhasse com publicidade, o que você imagina que estaria fazendo?
Jogando basquete.
9. Qual é o projeto dos sonhos que você gostaria de fazer?
Gostaria de criar algo que durasse no tempo, que não fosse apenas uma campanha pontual ou finita. Quero deixar um marco no mundo e acredito que as marcas ainda têm esse poder.
10. Você já trabalhou com profissionais de diversas nacionalidades e para diversos mercados. Quais são as principais diferenças no mercado inglês?
Aqui há muito mais dinheiro para fazer as coisas acontecerem. Mas, para o bem e para mal, Londres é um mercado global, e como mercado global, ainda é o spot de TV que reina bem alto. O que é uma pena, porque todas as outras áreas, desde o online até o retail poderiam estar no mesmo nível do craft da TV. E não estão. E aqui não há bullshit de campanha fantasma. Não há tempo sequer. Se o trabalho é bom, vai para prêmio. Se nāo, esquece.
11. O que você mais preza na hora de contratar um profissional para a sua equipe?
Talento.
12. E se eu, aqui do Brasil, quisesse trabalhar aí na VML London, o que você me aconselharia a fazer?
Se for redator, precisa ter inglês perfeito. Se não, todos vão olhar torto. Diretor de arte tem de ter um portfólio fantástico. E arranja logo um visto europeu, que isso demora pra caramba.
13. Quais são seus planos para o futuro?
Gostaria de experimentar o mercado em Paris, Nova York e Tóquio. Paris estava em baixa, mas nos últimos anos tem subido muito e bem. Nova York será sempre referência. E Tóquio porque deve ser uma loucura criativa.
14. Uma mensagem para as pessoas que querem trabalhar na área de criação:
Lembrem-se sempre que trabalham com pessoas e para pessoas. Tratá-las bem é meio caminho andado para ter delas o que você quer e precisa: quer seja empenho e entrega delas, quer seja levar as coisas do seu jeito.
Gostou dessa história? Indique pra gente pessoas que você gostaria de ver por aqui pelo e-mail tutano@trampos.co. Confira outras entrevistas no link.
Comments 2