Sempre tive esse espírito do faça-você-mesmo. Quando mais novo, sem ter nenhuma ligação com o punk, mas sim um costume de família. As casas dos meus avós eram repletas de coisas feitas por eles, certamente por morarem em um sítio, não terem dinheiro para comprar algo novo ou pelo simples fato do “por que não?“. Se você tem a habilidade necessária para botar a mão na massa, parafraseando um amigo, vai lá e faz!
Até hoje, meu pai tem um cantinho dele lá na garagem com milhares de peças de coisas que um dia foram coisas e hoje são só partes de coisas, mas que servirão para consertar alguma outra coisa. Então não tinha como eu ser diferente. Talvez até tinha, mas vamos fingir que não.
Ganhei meu primeiro computador com uns 13 anos. Meu tio havia acabado de trocar o PC dos meus primos e eu herdei a máquina que — sem querer ser piegas, mas já sendo — me tornou no que eu sou hoje, tecnologicamente falando. Um 486 dx II 66mhz com 16 MB de ram, HD de 400 MB e um modem de 14400bps que mal rodava o Windows 3.11 e eu insistia em instalar o 98.
Quando eu era pivete, meu avô trouxe pra mim do Japão um carrinho de controle remoto que depois de algumas semanas virou um ventilador. Desmontei o carrinho, arranquei o motor, cortei fios, no lugar onde ficaria a roda, coloquei bem no meio um palito de sorvete que serviria de haste e liguei os fios que sobraram em duas pilhas. Funcionou. Não me lembro bem, mas isso deve ter me rendido algumas chineladas. Lembro também que em outra ocasião descobri que com pilhas maiores, o palito girava mais rápido e como estava sem pilhas, tentei ligar na tomada. Explodiu! E dessa vez, com certeza eu apanhei.
Aprendi a programar sozinho pelo mesmo motivo que transformei (ou destruí, se você preferir) um carrinho de controle remoto em um ventilador. Curiosidade e “se eu posso, por que não?”. Sem contar o fator molecagem. E por conta disso, eu era obrigado a formatar o HD e reinstalar tudo pelo menos uma vez por semana. Fuçava em algo e as coisas “do nada” paravam de funcionar. De vez em quando isso ainda acontece, mas em um ambiente totalmente controlado.
I Hate Flash, SneakersBR e trampos.co
Para continuar o estereótipo, me interesso por fotografia desde pequeno e já levei muita bronca por gastar filmes com qualquer coisa, já que não tinha noção do que estava fazendo (uma câmera digital teria me poupado de muito sermões e tapas na orelha). Recentemente pude juntar algoritmos e imagens debaixo do mesmo teto.
Nos três lugares que trabalho, minha função principal é fazer com que os códigos se comportem como deveriam. E com isso, consegui também juntar a meu gosto pela fotografia. Trabalhei nas primeiras edições da revista do SneakersBR, shows, festas e festivais pelo I Hate Flash. E retratei as nossas carinhas felizes no /sobre do trampos.
Acredito que essa curiosidade toda sempre me ajudou a encontrar trampos que me deixassem satisfeito. Mesmo havendo a necessidade em não deixar as coisas como elas são e aí repensá-las, desconstruí-las, desmontá-las ou destruí-las. Especialmente destruí-las.
A foto de abertura, buscando o melhor ângulo, é do meu amigo Gustavo, e todas as outras são de minha autoria.
[call-flash source=”5918-se-eu-posso-fazer-por-que-nao” titulo=”Também se interessa por fotografia? Então, conheça o seu inimigo!”]
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