Neste 8 de março de 2025, mais do que celebrar as conquistas das mulheres, é fundamental refletir sobre os desafios que ainda persistem no mercado de trabalho. A desigualdade de gênero continua impactando milhões de profissionais, mas os avanços recentes mostram que a transformação é possível. Unindo dados concretos a trajetórias reais, buscamos ilustrar como cada número reflete uma história de luta e superação.
Mulheres no mercado de trabalho: desafios e avanços recentes
O mercado de trabalho brasileiro tem avançado na redução do desemprego, mas as disparidades de gênero ainda são uma realidade. Embora a taxa de desocupação feminina tenha caído de 9,8% para 9,2% entre o 4º trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, as mulheres ainda representam a maioria dos desempregados (54,3%)【DIEESE, 2024】.
Além disso, a desigualdade salarial segue como um obstáculo significativo. O rendimento médio das mulheres (R$ 2.562) continua 22,3% menor que o dos homens (R$ 3.323), e essa diferença se acentua nos cargos mais qualificados. Entre profissionais com ensino superior, a remuneração feminina é 35,5% menor que a masculina【DIEESE, 2024】.
Fatores como tempo de experiência, disponibilidade para viagens e cumprimento de metas são frequentemente utilizados para justificar essa desigualdade. No entanto, pesquisas indicam que a disparidade persiste mesmo entre mulheres e homens com qualificações e experiência equivalentes. O salário mediano das mulheres equivale a 90,5% do recebido pelos homens, enquanto a média representa apenas 70,8%【Relatório de Igualdade Salarial, 2024】.
A presença de mulheres nos principais setores do mercado de trabalho
A desigualdade de gênero no mercado de trabalho aparece de formas diferentes em cada setor. Nos últimos dez anos, houve avanços importantes na presença feminina em áreas como Atendimento, Tecnologia, Marketing e Comercial, mas os desafios ainda são grandes.
- Tecnologia (TI, Programação e Dados): um setor historicamente dominado por homens, viu a representatividade feminina crescer de 15% em 2015 para 23% em 2025. Embora ainda baixo, o percentual mostra avanço.
- Atendimento e Customer Success: mulheres continuam sendo maioria, com mais de 70% de representatividade na última década. O desafio agora é traduzir essa presença em liderança e tomadas de decisão estratégicas.
- Comercial: a presença feminina avançou de 46% para 56%, um movimento positivo rumo à equidade.
- Marketing: houve uma leve queda, de 60% para 56%, reforçando a necessidade de iniciativas que garantam e ampliem essa participação, especialmente em cargos estratégicos.

Os dados da trampos reforçam essa tendência: entre 2023 e 2025, 60% dos novos cadastros na plataforma foram de mulheres. Isso mostra que cada vez mais profissionais femininas buscam oportunidades no mercado, mas ainda enfrentam desafios para ocupar determinados espaços.
Para ilustrar esses desafios, vamos imaginar duas mulheres fictícias que representam realidades comuns no Brasil.
Ana, a gestora esquecida
Ana, 38 anos, sempre se destacou em sua atuação em uma empresa de tecnologia. Como líder de equipe, participava de projetos estratégicos e era cotada para um cargo de diretoria. No entanto, ao retornar da licença-maternidade, percebeu que sua função havia sido redistribuída e suas chances de promoção haviam desaparecido. “Meu chefe disse que minha prioridade agora era meu filho e que eu não precisava me preocupar com grandes responsabilidades. Mas eu nunca disse que queria menos desafios”, desabafa.
O caso de Ana é recorrente. A cada duas mães que voltam da licença-maternidade, uma acaba deixando o emprego em até um ano e meio【Pesquisa “A Mãe e o Mercado de Trabalho”, 2019】. Além disso, a presença feminina em cargos de liderança é reduzida: mulheres ocupam 58% das posições iniciais, mas apenas 14% dos cargos executivos e 3% dos conselhos administrativos【ONU Mulheres – HeForShe】.
Camila, a luta por um salário justo
Camila, 27 anos, é engenheira civil e conquistou sua posição em uma grande construtora após anos de estudo e dedicação. No entanto, ao comparar seu salário com o de colegas homens, descobriu que ganhava 30% menos do que um engenheiro com a mesma experiência e função. “Disseram que ele tem mais disponibilidade para viagens e que isso justifica a diferença. Mas eu também estou sempre pronta para atender as demandas do trabalho”, afirma.
Casos como o de Camila são comuns. Mesmo com qualificações equivalentes, as mulheres ganham menos do que os homens. Entre profissionais com ensino superior, a disparidade salarial pode chegar a 35,5%【DIEESE, 2024】.
Como as empresas podem promover mais inclusão no mercado de trabalho
A equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça, mas também um fator essencial para o desenvolvimento econômico e social. Estudos indicam que empresas com maior diversidade de gênero apresentam maior lucratividade e criação de valor【McKinsey & Company】.
Na trampos, acreditamos que a transformação do mercado de trabalho passa por ações concretas. Oferecemos ferramentas que ajudam empresas a adotar processos seletivos mais inclusivos, como campos de diversidade em nossa plataforma de recrutamento. A Lei da Igualdade Salarial é um avanço, mas sua efetividade depende de fiscalização e comprometimento das empresas.
Enquanto medidas estruturais não forem implementadas em larga escala, mulheres como Ana e Camila – e milhares de outras na vida real – continuarão enfrentando barreiras para crescer profissionalmente.
A trampos incentiva as empresas a repensarem seus processos e construírem um mercado de trabalho mais justo para todos. Queremos que cada vez mais mulheres possam não apenas ocupar espaços, mas prosperar neles.