A Folha de S. Paulo anunciou que deixará de publicar seu conteúdo no Facebook, a rede com mais de 2 bilhões de usuários mensais em todo o mundo, mas que manterá sua página ativa no site.
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Em nota, o jornal afirmou que a decisão foi tomada pela “diminuição da visibilidade do jornalismo profissional na página de seus usuários”, o que favoreceria o crescimento de bolhas de opinião e a propagação das fake news.
A mudança a qual se referem foi anunciada pelo Facebook no dia 12 de janeiro. O novo algoritmo da rede prioriza a entrega de atualizações de grupos, amigos e familiares, em detrimento de conteúdos de páginas, incluindo veículos jornalísticos e notícias.
Para Folha, o Facebook é “um condomínio fechado das convicções autorreferentes”
Para Diego Iraheta, editor-chefe do Huffpost Brasil e professor da 8ª (Rio de Janeiro) e da 9ª (São Paulo) turma do curso Redes Sociais para Jornalistas do trampos ACADEMY, o posicionamento era esperado e coerente com as críticas que o jornal vem publicando contra a rede desde o ano passado, quando começaram as alterações no algoritmo.
Ele afirma que a decisão é uma forma da Folha se colocar para seus leitores como alternativa ao “condomínio fechado das convicções autorreferentes”, forma como classificaram a rede social no anúncio. “A Folha está apostando que seus conteúdos bons e relevantes continuarão a ser distribuídos organicamente pelos leitores, inclusive via Facebook”, explicou o professor.
Segundo Diego, a resolução teria surgido também porque a Folha de S. Paulo conta com tráfego referencial forte e número maior de visitantes provindos da sua homepage, pesquisas internas e do UOL, maior portal do país.
Ainda assim, para ele, a perda do Facebook, a segunda maior fonte de tráfego para sites, como meio de distribuição, poderia prejudicar a receita de veículos, já que a monetização dos jornais é um reflexo do número de impressões de anúncios no site.
Para a versão digital do jornal, isso não seria um problema, já que sua estratégia de monetização tem como elementos principais a assinatura no modelo paywall, onde usuários precisam pagar caso queiram ter acesso ilimitado às notícias.
Instant Articles é um furo no paywall da Folha
“A estratégia da Folha é totalmente centrada em paywall. Como o Instant Articles (IA) é um furo no paywall, é normal eles nunca terem apostado na tecnologia”, afirmou Isabela Sperandio, Gerente de SEO do Grupo Abril e professora do curso SEO para Jornalistas do trampos ACADEMY.
Apesar da “jogada audaciosa”, Diego não acredita que outros jornais e veículos com conteúdo ilimitado e gratuito seguirão seu exemplo, por ainda dependerem do tráfego provindo das redes, que pode representar até 39% dos visitantes, segundo a pesquisa da Parse.ly realizada em 2017.
Por sua vez, Isabela afirma que cada vez mais meios de comunicação estão se afastando do Facebook. “O próprio New York Times anunciou no ano passado que romperia com o Instant Articles, por exemplo. E como o alcance está diretamente ligado ao Instant Articles, a audiência captada por redes deve cair nesses sites”, completou.
A Gerente de SEO do Grupo Abril aposta no investimento em otimização para motores de busca (em inglês, a sigla SEO), que hoje representa os outros quase 70% de tráfego dos veículos de mídia, como solução contra a dependência das redes.
“Temos visto um movimento de mercado importante apontando que o SEO volta a ser o principal canal de captação de audiência nos sites de notícias. Esperamos que, com tudo isso, as redações e os editores se dêem conta da importância dele”, completou.
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