“Aquele que pondera todas as possibilidades antes de dar um passo, passará a vida toda em uma perna só.”
Provérbio chinês
O problema é o seguinte: eu não sei o que fazer.
Sobre isso, sobre aquilo. Sobre coisas grandes e coisas pequenas.
Sobre qualquer coisa.
Na verdade, para ser sincera, até o menor dos problemas parece enorme quando eu não sei o que fazer em relação a ele. O estado de “não saber o que fazer” produz um efeito de crescimento milagroso para as coisas pequenas na minha mente.
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Isso não é uma coisa nova. Não saber o que fazer é um dos meus múltiplos e refinados talentos. Eu consigo até equilibrar vários “não saber o que fazer” ao mesmo tempo.
Por exemplo, agora mesmo eu não sei se eu saio com meus amigos no fim de semana ou não. E se eu sair, é melhor ir de metrô? Ou pegar uma carona?
Eu não sei se eu devo procurar um novo emprego. E se sim, quando devo começar? E o que fazer com todas as outras ofertas que vão inundar minha caixa de entrada assim que eu dizer sim para a essa oportunidade?
Eu não sei se devo começar uma dieta amanhã. Ou hoje. Ou na próxima semana. Ou se devo sequer começar. Eu não sei se devo ligar para minha nutricionista ou se decido sozinha.
Eu não sei o que é melhor, o que é certo. Eu não sei o que eu quero fazer.
Sabe o que mais eu não sei? Eu não sei o que fazer sobre não saber o que fazer.
E sempre que eu me sinto assim (o que não é sempre, mas é frequente), eu começo a não saber o que fazer sobre coisas que eu sabia fazer antes. Coisas sobre as quais eu já me decidi, fiquei empolgada e até senti certeza na época, agora parecem decisões inseguras e erradas. Mesmo que eu saiba que as decisões pareciam certas quando eu as tomei.
Meu cérebro começa a questionar tudo: e se eu também não sabia o que fazer na época, e só decidi em algo que não era a coisa certa no final das contas? E se a decisão acaba sendo a errada? E se eu agi por impulso e não pensei em todas as consequências?
É como se eu estivesse lamentando todas as outras opções que nunca, jamais vão acontecer agora, porque eu não as escolhi.
Uma vozinha na minha cabeça me provoca: se você escolher a opção A, então tal e tal coisa pode acontecer, o que pode levar a X e pode significar Y. Se eu soubesse desde o início sobre Y, talvez não tivesse feito a escolha original. Ou teria? Como vou saber?
E estas incertezas, preocupações, ansiedades e “não saberes” não são exigentes. São coisas que não só se prendem às coisas que eu não tenho certeza. Elas vazam. Elas se infiltram em todo o resto, então ao invés de me sentir incerta e ansiosa sobre uma coisa em particular, sobre uma única decisão especificamente, eu me sinto ansiosa, incerta e preocupada sobre tudo. Eu até me esqueço do que começou isso. Só me sinto assim.
Eu sinto isso no meu peito, perto do coração. E na garganta. Parece culpa, misturada com arrependimento, com doses de pânico e uma pitada de medo. É meio duro e frio, como um aperto muito forte.
E eu não gosto disso. Mas eu não sei o que fazer sobre isso. Então eu não faço nada além de me preocupar e ficar ansiosa porque fazer nada não é a coisa certa a se fazer. É exaustivo, é frustrante e é total e completamente improdutivo.
E a única coisa que faz isso parar? É decidir e fazer algo. Qualquer coisa.
E a única maneira de saber o que fazer? Bom, na verdade, não há resposta para isso.
A não ser não se preocupar sobre ficar se preocupando. Não se sentir ansioso sobre ficar ansioso. E aceitar que não há uma resposta certa.
Respirar. Tentar sentir além da preocupação, tentar sentir a resposta, ao invés de pensar (demais) sobre ela.
Parar de questionar todas as possíveis consequências de todas as decisões disponíveis. Parar de tentar controlar e considerar todas as possibilidades. Simplesmente não dá pra fazer isso.
E confiar.
Não é possível saber o que vai acontecer. Não dá pra saber como eu vou me sentir em relação a isso. Não dá pra saber se a decisão que eu tomar vai ser melhor ou pior que a outra decisão que eu poderia ter tomado porque eu só vou viver o caminho que eu escolher.
Então eu só posso reagir ao que eu tenho, o que eu sei e como eu me sinto, aqui e agora. E eu não preciso saber como fazer isso. Eu só preciso fazer. Eu só preciso permitir que aconteça.
De volta às minhas decisões. Bom, eu ainda não sei o que fazer. Ainda não sei o que é “a coisa certa”.
Mas talvez isso não seja um problema tão grande no final das contas.
Porque o que eu sei é o que é a “coisa errada”. E é não decidir nada. Até mesmo a decisão de não de não decidir nada ainda – isso também é uma decisão. Aceite isso.
Um amigo me disse uma vez: “Quando a hora chegar, será a hora certa”. Isso me ajuda a relaxar sobre as minhas decisões.
Eu às vezes me pergunto: eu sou a única pessoa que pensa assim? Eu também não sei isso, mas se você também é:
Pare de matutar tudo. Pare de tentar inventar o que poderia ter acontecido. Porque é o que está acontecendo, você só está inventando. Não dá para saber como seria de verdade. Ao invés disso, tome uma decisão e desfrute-a. O que quer que aconteça, não importa de verdade — você pode mudar depois, se você realmente precisar.
Qualquer que seja a sua decisão, decida. O que pode acontecer de pior, de verdade?
Apenas tome uma decisão e seja feliz por tê-la feito. Aproveite a liberdade e o alívio que vêm em seguida.
Aproveite o presente, livre de indecisões. Porque enquanto você estiver ocupado se preocupando com o que pode acontecer amanhã, adivinhe? Você está perdendo todas as coisas boas que estão acontecendo hoje.
Então, apenas decida. Apenas relaxe.
Quer saber a boa notícia? Tomar uma decisão é tão imperfeito quanto ficar indecisa.
E quando eu começar de novo, sei que nada vai me parar. Vou, facilmente, tomar decisões que me perturbavam antes. Colocarei essas pequenas coisas nos lugares delas. E se parecer errado, eu mudo. Não vou me preocupar. As coisas que pareciam erradas e estranhas antes, não vão mais me importar.
Eu não vou saber de onde veio essa confiança na tomada de decisões. Só vou sentir.
Sentirei isso em meu peito, perto do coração. Um sentimento de satisfação, abraçando a alegria, com pitadas de paz e sabor de leveza. Será quente e macio como mel derretido escorrendo pelas minhas veias. E vai me fazer sorrir.
E eu vou amar isso. E farei tudo o que puder para me agarrar a isso.
Que eu sei.
Então, vamos apenas começar. Vamos apenas relaxar. Vamos apenas decidir. E nunca olharemos para trás.
Se você não sabe o que fazer, ou quer decidir onde começar, veja as dicas que a coach Patricia Andrade deu nas transmissões do Ponto de Partida:
Chega de matutar: é hora de colocar seus planos em prática!
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Como?
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