Nada causa um impacto mais negativo no meu trabalho do que esquecer os fones de ouvido. Como para muitas pessoas, música é uma grande parte da minha vida. Eu escuto mais quando estou no trabalho, examino playlists em uma busca sem fim por músicas que me mantenham no clima.
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Gastamos tantos dias no trabalho e grande parte do expediente em frente a tela que a música se tornou indispensável para nos mantermos felizes, motivados e produtivos. Mas as músicas são todas iguais? Ou há faixas perfeitas para certas tarefas?
Por que somos viciados em música?
Estou certo de que você não precisa de um cientista para saber que a música te ajuda a atravessar um dia de trabalho. Escutamos nossas músicas favoritas em tempos de necessidade: quando nos sentimos mal e precisamos de algo que nos levante ou quando estamos felizes e queremos nos manter no clima.
O neurocientista e músico Jamshed Bharucha descobriu que há algo primitivo sobre o motivo de amarmos a música. Ele chegou a conclusão que domínios criativos como a música permitem aos humanos que se conectem de modo sincronizado, ajudando-nos a desenvolver uma identidade em grupo e nos tornando suscetíveis ao trabalho em equipe.
Um recente estudo com crianças levou a ideia adiante. A pesquisa agrupou crianças em duplas para cantarem uma canção juntas, enquanto outras somente andaram juntas.
As duplas, então, receberam tubos cheios de bolinhas que foram feitos para se esvaziarem quando as crianças começassem a brincar com elas.
Olhando o comportamento das duplas, os pesquisadores descobriram que as crianças que cantaram juntas foram mais cooperativas para ajudar a arrumar as bolinhas e concluíram que a música incentivou as crianças a desenvolverem o senso de comunidade e a terem uma preocupação empática imediata.
Nosso amor pela música não é só cultural. Quando você ouve suas faixas favoritas, uma parte do seu cérebro, chamado nucleus accumbens, se ativa, acionando a liberação da “química motivacional” dopamina, que vive em um grupo de neurônios chamado Área Tegmental Ventral.
Dopamina é a mesma substância química que é liberada quando você come seu alimento favorito ou quando você ganha um novo seguidor no Twitter, causando uma sensação de querer mais (e mais, e mais).
Mas, assim como com seus 100 primeiros seguidores (ou sua milésima pizza), há a lei dos retornos decrescentes. Quando você ouvir uma nova música que ama, mais dopamina é liberada do que se você ouvir alguma antiga favorita.
Então a música e determinada playlist realmente nos ajudam a trabalhar?
Música tem uma relação poderosa com nossas necessidades primitivas de se conectar com os outros, mas como isso se aplica ao expediente?
Um estudo publicado no Jornal de Terapia Musical descobriu que ouvir seu tipo favorito de música reduz sua percepção da tensão, fazendo com que você seja mais feliz e produtivo durante situações estressantes (como o trabalho).
Além do “escute o que você gosta”, há algumas regras valiosas para se escolher a música perfeita para o tipo de trabalho que está fazendo.
1. Para tarefas simples, escolha músicas que você já ouviu antes
Um estudo publicado no Jornal da Neurociência do Comportamento e Fisiologia descobriu que a habilidade de uma pessoa de reconhecer imagens, letras e números era maior quando música clássica ou rock estavam tocando ao fundo, comparado com quando não havia nenhuma música.
Similarmente, outro estudo descobriu que trabalhadores em uma linha de produção eram mais felizes, eficientes e cometiam menos erros quando ouviam música.
Outros pesquisadores documentaram que a performance aumenta ao se ouvir música quando a tarefa é vista como “simples” ou “monótona” como, por exemplo, responder e-mails ou copiar dados em um arquivo.
Quando se tratar de tarefas chatas e repetitivas, enquanto estiver ouvindo algo, você as terminará rapidamente.
2. Esqueça da letra quando estiver aprendendo
Para tarefas mais imersivas e pensativas, a música clássica ou instrumental tem mostrado que melhora a performance intelectual.
Se a tarefa em mãos é especialmente complexa, isolar todo estímulo externo (incluindo música) é sua melhor aposta. Até mesmo acordes musicais distantes e fracos podem causar interferência cognitiva – quando sua performance cai porque seu cérebro dedica recursos para ajudá-lo a processar tanto a tarefa quanto a música.
3. Escute músicas que você gosta durante um trabalho que você ama
A magia da música se torna mais evidente quando você é especialista no que faz. Mesmo em algo desafiador como uma cirurgia.
Um estudo do Jornal da Associação Médica Americana relatou que cirurgiões trabalharam mais precisamente quando a música que eles gostavam tocava ao fundo.
E você não precisa ser um profissional médico para se beneficiar de boas músicas. O famoso autor Stephen King escuta Metallica e Anthrax enquanto escreve.
4. Acerte em cheio durante o trabalho criativo
Quando precisar de concentração, estudos sugerem que músicas entre 50-80 batidas por minuto são as melhores.
Dra. Emma Gray, do Serviço de Aconselhamento Britânico, trabalhou com o Spotify para conduzir uma pesquisa sobre os benefícios de certos tipos de música.
Sua pesquisa descobriu que músicas com batidas entre 50-80 por minuto podem levar seu cérebro a um estado alpha. Sua mente se torna calma, alerta e a concentração é aumentada.
Ondas alpha também são associadas com o momento “eureka”, um lampejo de ideias que se ativam quando você entra em um estado mental relaxado, porém concentrado.
Em suas descobertas, Gray aponta que não é o estilo musical, mas sim o ritmo que tem maior relação com a criação de um estado mental fluído.
Para resumir tudo isso, veja a imagem para descobrir qual tipo de música deve ser ouvida dependendo da tarefa que estiver fazendo:
Publicado por Jory Mackay em Crew.co. Traduzido e adaptado pela equipe do Tutano.
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