Jornalismo de Dados têm sido um grande foco do Google News Lab nos últimos três anos – seja na construção de ferramentas, criando conteúdos ou compartilhando dados com a comunidade de jornalistas. Queríamos saber se estamos utilizando a abordagem certa: o quão grande é o jornalismo de dados? O que desafia os jornalistas da área? E como ele irá mudar nos próximos anos?
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Até hoje, não há respostas definitivas para essas perguntas. Então, em parceria com a PolicyViz, conduzimos uma série de entrevistas qualitativas profundas, e uma pesquisa online para entender melhor como jornalistas usam dados para contar suas histórias.
Realizamos 56 entrevistas detalhadas pessoalmente com jornalistas nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França, e por meio de um formulário online com mais de 900 jornalistas. Nossa análise oferece um panorama do jornalismo de dados em 2017, seus destaques e desafios principais para a área, que vêm crescendo no mundo todo.
O resultado é um dos primeiros estudos neste campo de atuação. Uma década atrás, dava para contar nos dedos das mãos a quantidade de jornalistas de dados.
Então, os resultados dessa pesquisa mostraram que:
- 42% dos repórteres usam dados para contar histórias regularmente (duas ou mais vezes por semana);
- 51% das empresas nos EUA e na Europa agora têm jornalistas dedicados a dados — e isso aumenta para 60% dos casos para plataformas totalmente digitais;
- 33% dos jornalistas usam dados para reportagens políticas, seguidos de 28% das notícias financeiras e 25% das investigativas;
- Há uma variação internacional em relação ao jornalismo de dados. Na França, 56% das redações tem um jornalista de dados, seguido pela Alemanha e o Reino Unido, com 52%, e os EUA com 46%. Apesar do seu crescimento, o jornalismo de dados ainda enfrenta desafios em 2018;
- 53% da amostra vêem o jornalismo de dados como uma especialidade que exige treinamento extensivo e que não é fácil de dominar.
Entrevistados também discutiram a pressão que enfrentam em relação a prazos, e disponibilidade limitada de jornalistas de dados que podem limpar, processar e analisar dados. Descobrimos que 49% das histórias geradas com dados tomam um dia ou menos.
Nossa pesquisa também mostrou que as ferramentas de visualização de dados não estão acompanhando os passos largos da inovação. Como resultado, repórteres estão construindo suas próprias soluções: um quinto dos jornalistas de dados usam ferramentas e softwares “caseiros”, seja ferramentas de visualização ou soluções de limpeza de dados.
Mais da metade dos entrevistados queriam que suas empresas usassem mais dados para contar histórias. Mas alguns ainda sentem que o retorno sobre o investimento não é muito claro, já que o jornalismo de dados pode tomar tempo e recursos significativos.
Apesar disso, pensar no futuro do jornalismo de dados nunca foi tão importante como é hoje, principalmente por estar presente no trabalho diário de centenas de jornalistas, como mostra este estudo.
Como um dos entrevistados afirmou:
“dados é uma boa forma de tirar a verdade das coisas… nessa era da pós-verdade, esse trabalho é cada vez mais importante. Nós todos estamos desesperadamente buscando pelos fatos.
Aprender as técnicas de jornalismo de dados não é fácil, mas pode render histórias incríveis e preparar você para uma área que só cresce em todo o mundo.
Então, que tal aprender com quem entende do assunto?
Saiba como tirar o melhor do jornalismo de dados para criar conteúdos de qualidade
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Aprenda a analisar tendências, interpretar gráficos, dados e tabelas e traduzi-los para conteúdo relevante, desde pautas institucionais até grandes reportagens.
Cientista de Dados no Nexo Jornal desde 2017 e mestre em Ciência Política pela USP.
Publicado originalmente no [Blog da Google]. Traduzido e adaptado por tutano.
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