O Pew Research Center realizou um abrangente estudo sobre como as pessoas que lêem nos smartphones interagem com os sites de notícias. Sua principal descoberta foi que o tempo de leitura dos usuários de smartphones depende do tamanho da notícia; histórias maiores levam mais tempo. Este artigo aprofunda o que o Pew Research descobriu sobre a relação entre mídias sociais – particularmente o Facebook – e quanto tempo os leitores estão dispostos a dedicar ao jornalismo long-form.
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De onde vêm os leitores?
Como os usuários de smartphones chegam à uma notícia pela primeira vez? O Pew Research separou as rotas de chegada nas cinco categorias abaixo:
- Direta – acessando diretamente um artigo ao clicar em seu URL ou seguindo um link em um e-mail.
- Busca – seguindo um link de um mecanismo de busca.
- Interna – seguindo um link do mesmo domínio da notícia.
- Externa – seguindo um link de algum aplicativo ou site que não seja de mídia social.
- Social – seguindo um link de um site de mídia social.
Organizar as rotas de acordo com as que são mais usadas para acessar notícias produz a seguinte ordem.
Origem | % de leitores de notícias longas | % de leitores de notícias curtas |
Social | 40 | 43 |
Direta | 24 | 21 |
Interna | 15 | 17 |
Busca | 12 | 10 |
Externa | 9 | 9 |
A tabela deixa claro que os sites de mídias sociais são claramente as rotas principais aos sites de notícias para os usuários de smartphones.
Entretanto, como pode ser visto no gráfico abaixo, uma imagem bem diferente surge quando vemos as rotas de chegada em termos de quanto tempo é gasto lendo artigos longos.
Com uma média de tempo de 111 e 52 segundos, os leitores de smartphones que chegam aos site de notícias através das mídias sociais gastam menos tempo lendo tanto artigos longos, quanto curtos. A média geral de tempo de leitura, de 123 segundos para artigos longos, é derrubada pelo grande grupo de leitores de mídias sociais que têm média de 111 segundos. Se você remover esses leitores do cálculo, o tempo médio gasto, lendo artigos longos, pelos 60% de leitores restantes aumenta para, aproximadamente, 132 segundos.
Um olhar atento às mídias sociais
Os sites de mídias sociais que foram cobertos pela pesquisa do Pew Research foram o Facebook, Twitter, LinkedIn, Google Plus, StumbleUpon, Reddit, Tumblr e Pinterest. O Facebook dominou os outros sites, respondendo por aproximadamente 82% das conexões entre mídias sociais e sites de notícias relacionadas às notícias longas e 84% relacionadas às notícias curtas.
O Twitter seguiu o Facebook como a segunda mais importante plataforma de mídia social. Os dois, juntos, respondem por 98% das conexões entre mídias sociais e sites de notícias nos smartphones. Entretanto, uma diferença interessante entre Facebook e Twitter aparece quando você olha o tempo gasto lendo notícias.
As pessoas que vieram do Twitter gastaram uma média de 133 segundos nos artigos longos comparado aos 107 segundos do Facebook. De um ponto de vista mais amplo, os leitores de smartphone que chegam aos sites de notícias de algum lugar que não sejam sites de mídias sociais (60% de todos os leitores da amostra) têm tempos de leitura aproximadamente 23% mais longos do que os que vêm do Facebook.
O que está acontecendo com o Facebook?
Leitores de smartphones que chegam aos sites de notícias pelo Facebook gastam mais tempo com artigos longos do que com curtos. Eles não estão rejeitando o jornalismo long-form. Entretanto, gastam menos tempo com artigos longos (107 segundos) do que a média geral (123 segundos – incluindo os leitores do Facebook) e muito menos tempo do que os leitores que vêm do Twitter (133 segundos) ou leitores que vêm de qualquer outro lugar que não sejam mídias sociais (aproximadamente 132 segundos). Por que os leitores que vêm do Facebook gastam menos tempo do que quase todo mundo que lê notícias longas?
A diferença entre o Facebook e o Twitter pode ser explicada pelas diferentes maneiras como as duas plataformas sociais são comumente usadas. Enquanto o Twitter é famoso pelo barulho insípido das celebridades e pelas opiniões fortes é, também, amplamente utilizado como um canal de comunicação para negócios e conexões de marketing. As pessoas trabalham usando conexões feitas através do Twitter. Muitas empresas mantêm sua presença no Facebook, mas as experiências circunstanciais sugerem que suas páginas do Facebook têm mais a ver com a promoção da empresa para os clientes do que fazer conexões de negócios.
Leitores que chegam à um site de notícias por razões relacionadas ao trabalho, são mais inclinados a lerem artigos longos completamente e cuidadosamente. A diferença nos tempos de leitura de artigos longos entre o Twitter e o Facebook pode ser devido ao Twitter ter mais deste tipo de leitor.
Motivação
Os leitores que procuram por notícias estão, normalmente, motivados pelo objetivo de se aprender algo. Se eles acessam um artigo longo que os interessa, provavelmente estarão motivados a aprenderem o máximo que puderem através de uma leitura completa e atenta do artigo. Eles até podem estar na presença de outras pessoas, no trânsito ou em uma cafeteria, por exemplo, mas é improvável que estejam interagindo socialmente com essas pessoas.
Os usuários do Facebook, por outro lado, provavelmente estão engajados em uma interação social se estiverem respondendo a uma postagem de um amigo enquanto clicam em um link de um site de notícias em uma página do Facebook. Eles podem estar mais motivados pelo desejo de contribuir à conversa no Facebook com um comentário, do que pelo desejo de aprender algo novo. Se esse é o caso, podem gastar menos tempo com o artigo porque para conseguirem o que precisam para fazerem um comentário não é necessária uma leitura completa e atenta. Essa ideia pode soar plausível mas testá-la seria difícil.
Deixando as especulações sobre o que acontece com o Facebook de lado, é claro que as mídias sociais, em geral, e o Facebook em particular, são os principais canais entre sites de notícias e leitores de smartphone. A descoberta de que o Facebook domina as mídias sociais é uma notícia boa e ruim ao mesmo tempo. A boa notícia para as pessoas que valorizam o conteúdo como gerador de renda é que o Facebook oferece uma grande quantidade de visualizações de página o que, geralmente, se traduz em receita. A má notícia para as pessoas que vêem o conteúdo intrinsecamente valioso por causa das informações que ele fornece é que os leitores do Facebook tendem a níveis mais baixos de engajamento do que quase todos os outros tipos de leitores.
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Publicado originalmente em [ Forbes ]. Adaptação por Tutano.
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