Eduardo Torres tem a cara da Huge Brasil. Como principal líder da empresa na América Latina, o Vice Presidente Sênior da região propaga uma cultura organizacional leve e de respeito aos colaboradores. A agência digital atua no Brasil desde 2011, quando abriu um escritório no Rio de Janeiro sem medo do objetivo feroz de criar experiências digitais revolucionárias.
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Fundada em 1999 no Brooklyn, em Nova York, a agência oferece serviços de UX, design, estratégia, marketing e tecnologia. Recentemente, expandiu no Brasil com a abertura de escritórios em São Paulo e Porto Alegre. Nestas duas capitais, pretende se aproximar dos clientes e atrair mais talentos de diferentes perfis da área digital.
Nesta entrevista, Eduardo Torres fala sobre sua trajetória, sobre os desafios de liderar e oferece uma dica para quem está começando. Confira:
1. Conte um pouco sobre como sua trajetória se desenvolveu.
Sou baiano, de Salvador, e quando comecei na faculdade, fazia três cursos distintos ao mesmo tempo: Psicologia, Publicidade e Ciência da Computação. Eu não queria ser psicólogo, não sabia se queria ser publicitário, mas sempre gostei muito de tecnologia. Acabei me formando em Ciência da Computação, ainda que o curso de Psicologia tenha me dado uma bagagem muito boa para lidar com pessoas.
Depois, cheguei a começar um MBA no Canadá, mas desisti por causa do frio. Voltei ao Brasil, fiz um MBA de Business Management no Rio de Janeiro e entrei para a Globo.com, bem no início da operação deles. Lá atuei como Coordenador de Desenvolvimento e pude trabalhar em projetos bem legais, como o do primeiro BBB. Em 2004, saí para montar uma agência, a MPP Solutions, e, em 2007, fui para a Austrália, onde trabalhei no Yahoo! Search Marketing, sendo responsável pela operação da empresa no país e na Nova Zelândia. Três anos depois, retornei ao Brasil, quando fui convidado para começar a operação da Huge por aqui.
2. Como surgiu o convite para ser Vice Presidente da Huge na América Latina?
Na época em que voltei da Austrália, a Huge já estava pensando em abrir uma operação no país. Como eu já conhecia alguns dos fundadores da agência, acabei convidado para iniciar o seu primeiro escritório na América Latina. Nesse momento, os objetivos eram claros: juntar talentos no Brasil para trabalhar em projetos globais; e desenvolver o mercado, achar clientes e negócios locais. Cerca de três anos depois, senti a necessidade de expandir para outros países da região que tinham um nível de maturidade digital similar ao Brasil. Independentemente da oportunidade de negócio, sempre tive um interesse grande em ajudar a desenvolver não só o nosso país, mas a nossa região, por meio do digital. E aí veio o papel de Vice-Presidente na América Latina da Huge.
3. Recentemente, a Huge expandiu no Brasil. Como estão os escritórios de São Paulo e Porto Alegre?
Esses novos escritórios acabam sendo passos naturais para a presença da Huge no Brasil, mas com propósitos distintos. São Paulo é, obviamente, um centro de negócios muito importante: vários de nossos clientes estão na cidade. Já Porto Alegre tem um propósito de recrutamento: acreditamos que nela há muita gente boa de design, de digital. O nosso objetivo é criarmos um polo de talentos. Isso não quer dizer que não existam talentos em SP ou oportunidades de negócio em POA. Em meio a isso, o Rio de Janeiro continua com a sua importância para nós. Os três escritórios funcionam de forma complementar uns aos outros e acho que assim ficamos muito bem posicionados no mercado brasileiro.
4. O que você aprendeu em suas experiências fora do Brasil que tenta aplicar no seu trabalho aqui?
Não só a vivência profissional que o exterior me trouxe contribui para a cultura que hoje temos dentro da Huge no Brasil, mas também a pessoal. Passar um tempo em outros países te dá mais repertório de vida, um ângulo maior de visão na hora de fazer escolhas e tomar decisões, te mostra formas diferentes de ver uma mesma situação. Na Huge, isso tem um impacto direto na nossa cultura, na forma com que lidamos com as pessoas, profissionais e clientes, e como encaramos o nosso dia a dia. Ao mesmo tempo, existem alguns princípios que fazem parte do DNA da empresa globalmente e não devem ser tocados, mas o que rodeia esse core pode e deve ser adaptado à cultura local. Nunca tentamos forçar a Huge de Nova York no Brasil: sim, temos o mesmo DNA, mas temos características específicas à nossa cultura.
5. Descreva o ambiente de trabalho ideal para você.
O que temos hoje como base na Huge Brasil é uma forte cultura do respeito. E não me refiro ao respeito hierárquico, mas entre as pessoas, independentemente de gênero, grau de instrução, cor de pele etc. E, veja bem, respeito não é sisudez. Pelo contrário, temos um ambiente muito leve, descontraído. Ao mesmo tempo, a minha experiência no Yahoo! me fez acreditar em um ambiente em que você trabalha muito, rala bastante, mas onde ninguém precisa sofrer para isso. Queremos que as pessoas se sintam confortáveis para fazer o seu melhor trabalho.
6. Qual é o principal diferencial de cultura da Huge? Nesse sentido, o que diferencia ela de outras agências?
A Huge é uma empresa global, com uma marca muito forte, com projetos globais muito interessantes, para marcas muito respeitadas. Isso você encontra, em maior ou menor grau, em outros lugares também. Mas, além disso, temos uma variável emocional que não é o padrão do que se acha por aí no mercado, principalmente quando se fala de agências. Quando você coloca na mesa essas variáveis, mais um ambiente onde você se sente à vontade, dono, protegido, com propósito, você tem um grande diferencial em relação ao mercado.
7. O que é essencial para manter seus colaboradores motivados?
A nossa vida profissional, assim como a pessoal, é feita de altos e baixos. Isso é algo natural e inevitável. Dito isso, acredito que um ambiente que mantém os seus colaboradores motivados é aquele que traz conforto a eles quando estão nesse momento “em baixa”, ao invés de potencializar isso. É algo que não envolve só ter os melhores equipamentos de suporte, a melhor infraestrutura, mas, principalmente, um ambiente subjetivo e emocional que dê conforto para as pessoas, e as faça se sentirem protegidas.
8. Como você descreve o líder ideal? Tem alguma inspiração?
Acredito que você pode sim aprender técnicas de liderança, mas trata-se de algo bastante instintivo. Liderar é influenciar, é garantir que as pessoas desenvolvam confiança em você. Não se compra liderança, se conquista. E isso é algo que está completamente voltado para a capacidade de se lidar com gente. Pra mim, o líder ideal é o cara que te consegue fazer seguir um caminho e confiar nesse caminho mesmo que você não acredite ou discorde dele. O grande líder faz o time andar e ele tem que ter a capacidade de dar notícia boa, notícia ruim, de afagar, derepreender. É como um pai. E é uma coisa que tem que ser conquistada com o tempo. Se eu pudesse resumir o que acredito ser um bom líder em duas palavras: confiança e relacionamento.
9. Algo que você aprendeu recentemente e gostaria de compartilhar.
Aprendi que empreender é não ter medo de errar. O cara que tem medo de errar, não empreende, não evolui. O problema não é errar: é errar a mesma coisa duas vezes. Outro aprendizado importante: empreender é persistência, resiliência. O momento econômico do nosso país nos últimos anos não tem sido muito bom, mas a Huge continua se dando muito bem enquanto empresa. E isso não acontece por acaso: é fruto de planejamento, trabalho, muito suor na execução e, principalmente, resiliência. Por último, aprendi a importância das pessoas, pois são elas que fazem da Huge a empresa que é. Por isso, a preocupação sobre como preservamos o nosso maior recurso, que são as pessoas, é uma constante.
10. Um dica para quem está começando.
Nunca se acomode. Nunca fique restrito ao seu job description. Seja curioso, mostre interesse, tenha gana, tenha vontade. Nunca fique sentadinho com a síndrome do funcionário acomodado, nunca.
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